Conquistando a autonomia: rumo à independência relativa



Olá amigos da Jornada do Viver!
Vamos entrar no  último tópico das  reflexões da série Conquistando a autonomia, sobre o desenvolvimento psíquico inicial da vida do bebê. 
Na última postagem falamos do período dos primeiros passos rumo à independência relativa do bebê, um estado do Ser em que se inicia a aventura na relação com o mundo. Momentos de intensa descoberta, ao mesmo tempo que encerra-se o tempo de dependência total da mãe, surgindo, então, duas pessoas que se relacionam: a mãe e o bebê.
Hoje vamos falar dos passos seguintes rumo à independência relativa.
Rumo à independência relativa

Podendo desfrutar de momentos de encontro com seu novo “eu”, o bebê inicia a exploração do seu corpo e do ambiente circundante. 
Progressivamente, se tornará capaz de esperar, de estar sozinho, mesmo que na presença de alguém. Isso significa uma evolução psíquica que lhe permitirá constituir sua singularidade.
Ao mesmo tempo, outros objetos vão criando um lugar nessas experiências, até que o bebê possa iniciar uma relação com algo da realidade compartilhada. 
É uma primeira incursão do Ser para fora da relação mãe- bebê. Ele adotará esse objeto, que chamamos de objeto transicional , como se fizesse parte de si mesmo e ao mesmo tempo algo do mundo.  

Muitos bebês adotam as “naninhas” como esse objeto. Dormem, acordam, mamam, brincam, sempre de posse dela como condição fundamental de tranquilidade e bem estar do bebê, ou como objeto de experimentações nos momentos de excitação. 
Quando o bebê abandonará este objeto? Quando ele não precisar mais dele como um intermediário. Dizemos que o objeto não é deixado, mas esquecido gradualmente...
Atravessando a fase de dependência relativa,  ruma para a independência (que nunca é absoluta, mas interdependente dos outros), e assim o bebê vai constituindo sua psique – é a formação da sua personalidade, tendo como primeira base a psique da própria mãe.
Se aquela dependência inicial se perpetua e se torna excessiva, esse estado de coisas atrofia e sufoca o gesto espontâneo e a possibilidade do bebê lançar as bases do “cuidar de si mesmo e estar sozinho na presença de alguém”. 
O bebê torna-se inseguro a respeito dos próprios processos e conquistas, como se o mundo o invadisse antes de que ele tenha tempo para processar o este mesmo mundo de acordo com suas capacidades. 
Dito de outra forma, o bebê não tem oportunidade de criar a realidade onde encontre sentido viver com espontaneidade e criativamente. Torna-se um bebê submetido ao ambiente.
O bebê num ambiente onde sente que não pode exercer sua autonomia pode tornar-se uma criança excessivamente apegada, manhosa, entristecida, ou ainda uma “máquina de fazer gracinhas” respondendo à demandas e comandos externos, deixando em segundo plano as próprias demandas de desenvolvimento e autonomia – fique atento!
Encontramos na vida adulta, pessoas que carregam em si os reflexos desse período. Pessoas submetidas aos desejos do outro, ao olhar do outro, preocupadas com o que se diz a seu respeito, com sua imagem social. Pessoas para quem a realidade externa é algo para o que precisa dar satisfações...
Ao contrário, se desde bebê temos a experiência de criar o mundo à nossa volta, e estivermos nele implicados, nos responsabilizaremos pelo mundo e pelas consequências de nossas ações. Seremos autores da própria Jornada!

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Com esses tópicos não pretendo esgotar o tema, ao contrário, somente levantar a discussão de um tema complexo, e que requer o cuidado e atenção dos pais para a saúde dos bebês! E, de alguma forma, de todas as pessoas, pois todos atravessamos esse período inicial da vida e trazemos, dele, a herança que construímos.



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Andréa Tarazona – Psicóloga
Psicoterapeuta de Adultos, Casais, Adolescentes.
Orientação a Gestantes, Mães, Pais e "Tentantes".
Supervisão Profissional

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