Conquistando a Autonomia: O início da Dependência Relativa




A mãe é o primeiro “objeto” do mundo, conhecido pelo bebê. É com ela que ele realizará infinitas experiências, fazendo emergir dessa relação o seu próprio eu. Gradativamente a adaptação total e necessária (como vimos no post anterior), prepara o bebê para a próxima etapa, onde poderá tolerar algumas pequenas falhas do ambiente e da maternagem.
É por causa do “sucesso” da fase de dependência total que o bebê se torna capaz de lidar com o gradativo processo de independência. Aos poucos o bebê amplia sua capacidade de suportar a espera do atendimento da mãe, sem perturbar-se demasiadamente.
A mãe sensível à nova capacidade de seu bebê irá realizar um distanciamento gradativo, o que não significa abandonar o bebê, muito menos deixar de assisti-lo em suas necessidades. Significa que, mesmo cuidando dele da melhor forma possível, a mãe, a partir de um momento no desenvolvimento do bebê, não necessita de suprir imediatamente o que o bebê precisa, pois algo ele já pode alcançar no mundo.
No momento em que o bebê está pronto para realizar algo de forma independente é preciso compreender e estar atento a isto. Na espera pelo atendimento da mãe, o bebê começa a descobrir o mundo ao seu redor.

As próprias mãos e pés, a fraldinha de pano ao seu lado, o bichinho de pelúcia, o chocalho passam a ser percebidos enquanto o bebê escuta  a voz da mãe que vem de outro cômodo da casa, e que traz a segurança suficiente para permanecer aguardando. Ele é capaz de se entregar aos pequenos momentos de exploração do próprio corpo e do ambiente, com prazer, deixando-se levar pela experiência, sem necessitar da interferência imediata de um adulto.
No início, essa espera é pequena e gradualmente vai se ampliando, na mesma medida em que o bebê se sente seguro para continuar suas explorações do mundo ao seu redor.
Isso será a base que todo Ser necessita para assumir seus desejos, seus interesses pessoais, sem as angústias da culpa, seja nos processos primários vividos nessa primeira fase do desenvolvimento, quanto no futuro, quando for adulto.
Uma mãe saudável retomará aos poucos os interesses pessoais (estudos, trabalho, vida social), sem o que não há saúde psíquica, nem para a mãe, nem para o bebê.

Significa que, mesmo cuidando do bebê da melhor forma possível, ele necessita alcançar o mundo!
Uma mãe com dificuldades de oferecer essa separação gradual e espontânea estará criando um ambiente em constante tensão, dificultando ao bebê suas pequenas e incipientes aventuras, suas próprias explorações.

Se o afastamento da mãe é demasiadamente abrupto ou longo, isso pode causar para o bebê a experiência de abandono. Esse cenário abre a possibilidade para se prolongar a fase de dependência, gerando no bebê sensações de pouca confiança em si mesmo.

A mãe com dificuldade de perceber a capacidade crescente do bebê ter suas próprias experiências, poderá trazer em si questões pouco elaboradas, talvez relativas ao próprio processo de independência, que se reeditam agora junto ao seu bebê, fazendo surgir sentimentos de culpa ou temor quanto ao desenvolvimento do filho, gerando um ambiente psíquico de insegurança e ansiedade, que são sentidos pelo bebê, interferindo em seu desenvolvimento emocional.

Mais uma vez vemos o quão importante é o cuidado que a mãe deve ter com a própria vida emocional, tanto para o exercício da maternagem, como ter uma vida mais plena, sabendo elaborar as situações que surgirem, onde poderá se sentir capaz de enfrentá-las sem grandes perturbações.

No próximo artigo, daremos continuidade nessa fase da dependência relativa, explorando outros aspectos do desenvolvimento do bebê e da maternagem consciente.

Acompanhe também a página do Facebook 
https://www.facebook.com/jornadadoviver/

E o site
http://andreatarazona.wixsite.com/jornadadoviver

Comentários

Seguidores